
Eu menina, não entendia muito bem, mas havia uma palavra que todos proferiam com insistência…Crise… E sabia que por causa da crise, muitas pessoas haviam perdido o seu trabalho e o sustento das suas vidas. Era complicado, mas…Não se podia fazer nada? Talvez não pudéssemos resolver a crise, talvez não pudéssemos resolver os problemas de toda a gente, mas se calhar podíamos fazer-nos presença junto de alguém que estivesse próximo… Eu menina, ia pensando em todas estas complicações de adulto e foi aí que me lembrei que na rua morava uma menina, mais nova uns anos que eu, e que os seus pais por causa da crise tinham perdido o trabalho. Num ápice levantei-me e fui ao quarto das bonecas, escolhi a mais bonita, ia dá-la á Cláudia, talvez ela ficasse menos triste. Mas, hesitei…Porque pensei – Será que têm o que comer? Que adianta dar-lhe uma boneca se a Cláudia tiver fome…? A boneca não servirá de nada. Decidi então que ia pedir á minha mãe que me desse algo para levar á família da Cláudia…
Entrei de mansinho na cozinha, a minha mãe preparava a ceia de Natal e viu logo que eu queria algo…
- Então, que se passa?
- Mãe, por causa da crise, achas que as pessoas ficam sem ter o que comer?
- Sim, menina…Infelizmente isso acontece…Mas porquê?
- Lembrei-me da Cláudia…Será que me podias dar algo para eu lhe levar?
- Claro que sim!
- Ó que bom mãe!! Vou também levar-lhe uma boneca!!
Mas, ainda mal tinha passado a porta da cozinha, quando tive uma nova ideia… E voltei atrás…
- Mãe! E se fossem mais pessoas a dar comida à Cláudia e aos seus pais, se calhar seria melhor, que achas?
- Sim, seria certamente, mas, em que estás a pensar?
- Vou sair e tratar disso agora mesmo antes que chegue a noite…
E antes que a minha mãe pudesse dizer algo, já eu menina ia correndo rua fora, nem me atrevi a olhar para trás… Para além de ter que tratar este assunto, não podia de modo algum descurar o momento que eu sempre esperava em cada Noite de Natal, no passeio…Que surpresa ele me reservaria este Natal, ia-me inquirido, enquanto me preparava para bater á primeira porta…
Fui muito bem recebida naquela casa, na outra e na outra! Todos acolheram com muito carinho a minha ideia. Em todas as casas havia alegria e cheirinhos de Natal. Passei porém, junto à casa da Cláudia e aí tudo estava sossegado, como que adormecido, esquecido, talvez. Parei um momento, senti a tristeza aproximar-se de mim, como devia ser triste...E tudo por causa da crise... Mas, continuei de porta em porta. Não esquecendo nenhuma!
E a noite ia começando a cair. Devia estar quase na hora de todos nos encontrarmos na minha casa. Rumei até lá, a minha mãe já havia preparado o que levaríamos!
- Até que enfim apareces, onde andaste, menina? Pareces cansada?
- Eu? Não! estou feliz!!
- Então? O que andaste a inventar?
- Já vais ver...
Nesse momento começaram a chegar os vizinhos com a partilha do seu Natal, que juntos levaríamos à família da Cláudia. E assim foi, éramos muitos, e todos levávamos um pouco. Eu menina, estava realmente cansada, mas ao mesmo tempo tão feliz que não conseguia explicar! Antes de partirmos, colhi ainda umas flores no jardim para a Cláudia!
O momento de bater na porta da casa da família, foi-me reservado. Eu bati, o meu coração batia fortemente, de alegria, sim!!
Quem veio abrir foi a mãe da Cláudia. Reparei no seu rosto triste, e depois de muito espanto quando viu todos os vizinhos da rua:
- Boa Noite...O que se passa?
Logo veio juntar-se a Cláudia e o pai. Então foi a vez de eu menina explicar:
- Dª Mariana, sabemos que as coisas não estão fáceis, por causa da crise, por isso quisemos hoje, nesta noite de Natal fazer-nos presença e trazermos um pouco do que temos...
Nem consegui terminar a frase, a Dª Mariana, ergueu-me num abraço...E nesse momento, lembrei-me do ABRAÇO FORTE FRACO DA PAZ, era Ele que me estava abraçando?!! O meu coração batia a um ritmo alucinante e eu, menina, sorria para Ele... A Dª Mariana continuou:
- Obrigado, menina, obrigado a todos vós. Hoje é Natal, porque o menino nasceu, e ele visitou a minha família...
A Dª Mariana chorava de emoção. A Cláudia também me deu um abraço enorme. Dei-lhe as flores e ela ficou muito feliz!
E eu menina senti também uma felicidade imensa, todos estávamos muito felizes e voltamos para nossas casas, para as nossas famílias com o coração a transbordar de felicidade, de Natal!
Ao entrar em casa, eu menina aproximei-me da janela...Era noite e a rua já estava absorta no seu silêncio. Olhei o passeio, o lugar mágico...este ano não tinha tido tempo de ir até lá...eu menina culpava-me, quando bem dentro do meu coração ressoaram fortemente umas palavras... - Presenteia-me compartilhando este abraço com a minha família, que também é tua... Ama-os com respeito. Respeita-os com ternura. Sê terno com carinho. Acaricia-os com justeza. Julga-os com amor... Foi isso que fizeste! não te esqueças que te amo e tem um feliz Natal!
Obrigado Jesus!
da tua menina!
Para quem não leu:
Votos de Feliz e Santo Natal, para todos os meus amigos, familiares e visitantes!
1 comentário:
Adorei seu espaço. Parabéns!!
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