Longe de ficar despercebida, a notícia não pode ser ignorada por ninguém. Barulhenta e estrepitosa, colorida e iluminada. Há sinais extraordinários e fascinantes em tudo quanto é sítio.
- Penso que devo dar-vos os parabéns adiantados -, dissera aquela desconhecida figura ao primeiro que topou no cimo da rua. E, com ar assombrado, continuou: desculpe a minha curiosidade, mas o que vem a ser esta linda raridade?
- É Natal! - afirmou o seu interlocutor, espantado pela ignorância do forasteiro cuja pergunta, pensou, só podia vir de algum extraterrestre. E ficou a ruminar o seu pensamento: com certeza será mesmo um extraterrestre?!...
Embrulhado no seu capote branquejado pela neve, atraído pelo ambiente que o rodeava, deu consigo no grande supermercado todo colorido em luzes de festa. Ali dentro, em azáfama e roda-viva, as pessoas apinhavam-se junto das prateleiras, enchendo sacos com coisas todo o género. Se bem que reluziam como ouro, alguns desses objectos eram já bem sabidas bugigangas e quinquilharias.
Sem se aperceber, achou-se intruso e de mãos vazias, atrapalhando o tráfego junto das caixas de pagamento. Finalmente, entre cotoveladas e empurrões, foi-se aproximando da grande porta de saída que dava para a estrada. Grupos de gente continuavam a dar entrada no grande supermercado onde acabariam por realizar o mesmo cerimonial da praxe que ele mesmo acabara de presenciar. O forasteiro, cada vez mais pasmado, não se cansava de perguntar àquele e àqueloutro acerca do que acontecia à sua volta e do seu significado. A resposta foi única e invariável. Tudo e todos lhe foram dizendo que o menino do Natal é um prodígio de maravilha, milagres, ventura e felicidade. Quanto ao nome do recém-nascido, ninguém mostrou a menor dúvida: chama-se Jesus.
Com a descoberta de tão feliz noticia, o forasteiro avistou um futuro assombrosamente maravilhoso para si e sua família. Quis ainda saber mais e mais a respeito desse menino sem igual no mundo. Registou com muito especial interesse as suas possíveis moradas em vários pontos deste nosso planeta e, sem perder mais tempo, cheio de esperança e alegria, pôs-se a caminho.
Andou de terra em terra, percorreu o planeta de lés a lés, gastou mundos e fundos em busca do precioso Menino. Procurou-o em cidades, aldeias e desertos, em lugares habitados e despovoados, em santuários e igrejas. As garantias e certezas que levava consigo e outras que foi adquirindo pelos caminhos do mundo acerca daquele Menino produziram e aumentaram as fantasias, ilusões e desenganos do pobre forasteiro. Mas ao Menino do Natal não o encontrou.
Por fim, consumido de cansaço e desilusões, maldisse a sua pouca e má sorte. Esse Menino - gemeu o forasteiro com voz rouca e obscura - com certeza deve ser um extraterrestre! A cabeça, já não resistindo, pesava-lhe demais e caía-lhe aos pés, de sono. Adormeceu. No entanto, Jesus não abandonou o seu amigo forasteiro - jamais o faria! -. Pelo contrário, sempre lhe deu e sempre lhe dará a esperança de outras oportunidades. E, mais do que um sonho fantasmagórico, o anónimo caminhante recebeu com muito agrado uma prova reveladora por parte do Menino do Natal que ele tão exaustivamente procurava. Fora ele próprio, Jesus, que lhe falara. Não um extaterrestre, mas sim o Menino Deus. Quando acordou, encontrou a mesma mensagem que ouvira no sono-revelação escrita em letras fulgurantes de ouro verdadeiro: procuraste-me longe de ti e longe de mim, associado e misturado na confusão de tantas aparências e falsidades. Mas o apontamento estava e continua a estar marcado. Onde? Na tua própria casa. É lá que irá ser o nosso primeiro encontro. Tens lugar para mim?
Para ti, amigo/a que me lês, desejo um SANTO E FELIZ NATAL
P. Feliz da Costa Martins
Nyala-Darfur
Dezembro de 2011
Obrigado Padre Feliz!!
Publicado - Aki -
1 comentário:
Feliz NATAL!!
Paulo
Enviar um comentário