Diariamente desde as 6h da manhã as 23h aqui na cidade de chapadinha os candidatos fazem um barulho ensurdecedor que no entanto não abafa a miséria deste povo.
Talvez esta seja uma forma ardilosa de calar a miséria, o que é certo é que ela existe e não é preciso indagar muito basta sair a porta de casa e ai está ela, disfarçada ou às claras, fruto de muitos factores, sendo o maior a corrupção da classe política (e não só).
A Igreja, este povo santo e sempre necessitado de perdão, tem sido aqui (e noutras comunidades deste extenso país) uma voz profética para os que não têm voz. E por isso o trabalho dos cristãos padres, religiosos e de todos os baptizados mais comprometidos na vida eclesial tem sido o de denunciar e formar a consciência.
Um trabalho nem sempre fácil...um trabalho que tem valido a alguns o martírio do sangue...e a todos estes que ainda persistem em não calar, o martírio da consciência.
Diante de uma Europa (e ás vezes de uma Igreja) tantas vezes aburguesada e instalada aqui todos temos sido interpelados a re-aprender alguns conceitos fundamentais como sejam: o da escuta delicada e demorada, o do consolo próximo sem esmagar mas também não tão distante que se torna frio, o do silêncio diante de tantas lágrimas e acima de tudo este é um tempo de benção onde vamos procurando re-aprender também o essencial da vida...e da fé.
Novidades da semana que passou...
No domingo dia 10 a comunidade do Bairro do Campo Velho, onde vivem cerca de 10.000 pessoas, acolheu com grande entusiasmo uma imagem de Nossa Senhora de Fátima oferecida pelo Santuário de Fátima. Na missa das 7h da manhã tudo estava harmoniosamente preparado: as ruas, a igreja, as pessoas de todas as idades. Um ambiente festivo e humilde que nos lembrava a todos nós os portugueses do Grupo Missionário JP2 o ambiente espiritual do Santuário.
De entre os muitos momentos destacam-se a procissão de acolhimento à imagem antes da eucaristia, a eucaristia celebrada com muito entusiasmo, fé e alegria e o momento de colocação da imagem no pedestal onde ficará à veneração dos fiéis. Momento tocante para todos foi o testemunho de um homem da comunidade que nos abraçava vigorosamente dizendo: "tenho 63 anos e hoje foi o dia mais feliz da minha vida, obrigado". Outro dos momentos foi quando uma senhora da comunidade, cega, nos pediu para tocar a imagem e assim a puder "ver". No final disse: "obrigado por me deixar tocar o céu". São momentos destes, de encontro, de relação, de acolhimento e celebração que vão fazendo o itinerário da missão JP2 na Chapadinha.
Durante esta semana, depois da experiência no bairro do campo velho, enquanto decorre a semana da família aqui no Brasil, foi tempo para um trabalho de visita às famílias e aos doentes do bairro da Aparecida. Todas as manhãs o mesmo ritual: depois das tarefas da higiene pessoal, pequeno almoço, oração da manhã, é tempo de sair para as visitas. Em todas as casa o mesmo acolhimento simpático e fraterno. Todos têm muito gosto em nos ouvir, desejam que lhes falemos de Deus e de muitas outras realidades, fazem perguntas, rezamos juntos uma pequena oração…Esta semana estamos a preparar nesta comunidade o acolhimento ao SSº Sacramento que agora ali passará a estar quotidianamente no sacrário da capela. (Dizer que aqui as capelas são do tamanho de muitas das nossas igrejas...e com mais gente!)
Três jovens do grupo acompanhados pelo padre Luís Miranda e pelo Padre Casimiro (Missionário da boa Nova também há 30 anos em Chapadinha) fizeram também durante esta semana a visita às comunidades do interior. Esse foi um tempo de Missão "todo o terreno". A viagem é dura, num velho jipe, por caminhos íngremes. Entre pneu furado, jipe atolado na lama de alguns caminhos ou rios, lá se chega sãos e salvos às diferentes comunidades. Logo á chegada se percebe o tom de festa desse dia. Todos se reúnem na capela, ali se canta, reza, e se celebram diferentes sacramentos: Na eucaristia há baptismos, primeira comunhão, casamentos. Tudo com grande simplicidade. Os padres missionários, devido á extensão da paróquia (3000km quadrados) só por ali podem passar duas vezes por ano a visitar cada uma das comunidades. Depois da missa uma refeição de convívio e partilha, diálogo…
Na simplicidade de um quotidiano cheio de muitas histórias para contar pressente-se a brisa suave, por entre um calor escaldante, daquela presença de Deus que nos diz: vai…sou eu quem te envio! "
4 comentários:
wow, very special, i like it.
Muito lindo poder ler isso tudo.Obrigada por partilhar.Bênçãos e bjos.
Muito lindo poder ler isso tudo.Obrigada por partilhar.Bênçãos e bjos.
Cristãos e cristãs têm se esquecido de que sua missão é ser voz, como João Batista foi a voz. Somente assim, podemos preparar o caminho do Senhor, assumindo, de maneira humilde, que importa que Ele cresça e nós diminuamos.
Quero ser voz. Para isso, sei que terei de enfrentar a barreira da própria instituição que se denomina "igreja".
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