sábado, 17 de maio de 2008

Testemunho contra a indiferença na região de todos os dramas





O Testemunho de Daoud Hari

é longo, mas vale a pena ler!



"Ao longo dos últimos cinco anos muitas foram as histórias contadas nos jornais e nas televisões internacionais sobre o sangrento conflito na região sudanesa do Darfur. Viram-se imagens de aldeias inteiras queimadas e leram-se testemunhos de raparigas brutalmente violadas. A tragédia é conhecida de todos e já provocou pelo menos 300 mil mortos. O que poucos sabem é que, por detrás de muitas daquelas reportagens, esteve um homem, Daoud Hari, refugiado de etnia zaghawa que várias vezes arriscou a vida para levar jornalistas e funcionários de organizações internacionais a conhecer no terreno a realidade do Darfur.


Hari, de 35 anos, actualmente refugiado nos Estados Unidos, sempre foi encorajado pela família a estudar e, dessa forma, conseguiu aprender a falar a língua inglesa, a preciosa arma que usou contra o Governo sudanês de Al-Bachir. Frustradas que foram as suas tentativas para trabalhar em Israel, Hari voltou a casa, no Verão de 2003, depois de voar do Egipto para o Chade.


Atravessou rios contra a corrente de pessoas que fugiam e avistou os bombardeiros brancos Antonov a disparar sobre as aldeias. Viu cubatas a deitar fumo depois de terem sido incendiadas pelas milícias árabes Janjaweed, homens a cavalo apoiados por Cartum, para expulsar os zaghawa, os não árabes, daquela que é a terra dos fur.


Viu o irmão, Ahmed, morrer, partindo novamente para o Chade para tentar ajudar. Mudou o nome para Suleyman Abakar Moussa. Ofereceu-se como intérprete e foi começando a ser chamado. Acompanhou um grupo da ONU e do departamento de Estado dos EUA, que tentava apurar se havia ou não um genocídio no Darfur. Num dos campos de refugiados, conta no seu livro, O Intérprete, foi interpelado por um homem que precisava de partilhar a dor. Vira a filha de quatro anos morrer pendurada na baioneta de um Janjaweed que a erguia como um troféu enquanto o sangue fresco ainda escorria.


Já numa outra altura, em que com a ajuda dos contactos dos comandante rebeldes guiava uma jornalista francesa, viu-a chorar, comovida, inconfortável, perante os corpos de crianças mortas. As que sobreviveram descreviam em desenhos como tinham presenciado violações ou como tinham sido violadas pelos homens a cavalo.


Na sua memória gravou para sempre a imagem de uma mulher que fora abusada pelos árabes e se enforcara numa árvore. Horas antes de a terem encontrado. Sob a mesma árvore jaziam os três filhos. Hari e os que o acompanhavam enterraram os corpos com dignidade. Levado pela curiosidade dos jornalistas, capazes de tudo, quando querem obter uma história, o intérprete zaghawa que ousou voltar à terra dos fur correu sempre riscos, mas à sexta visita as coisas correram pior do que aquilo que era habitual.

Acompanhado pelo jornalista britânico Philip Cox, foi feito prisioneiro e acabou nas mãos do regime sudanês que o tinha por espião. Após a pressão dos americanos, de várias figuras internacionais, foi posto em liberdade. No final, escreveu, em co-autoria, O Intérprete, livro que termina com uma interpelação cruel para todos os jornalistas: de que serve conseguir escrever grandes histórias se as pessoas poderosas que as lêem nada fazem para alterar a situação no terreno?"
Fonte - AKI

Daoud Hari é também o autor deste livro,

"The Translator"

que é um testemunho,

o retrato do horrível genocídio no Darfur,

por Daoud Hari que escapou a um ataque à sua aldeia

e é intérprete para várias entidades,

como o New York Times e a BBC.

Toda a informação AKI.

2 comentários:

Paulo disse...

São os dramas e a indirença em relação aos mesmos, a maior dor.
O testemunho de Daoud Hari, vem denunciar certas realidades que urge deblar....
Beijo
Paulo

A Flor disse...

Um sobrevivente, um guerreiro, um homem com a missão de denunciar as atrocidades vividas no seu País...

Como sempre meu amor, posts especiais...

Elsinha, estou desejosa que venha o Verão, as férias para podermos dar o nosso abraçinho, para ouvir as tuas sonoras gargalhadas... já falta pouco, já falta pouco... viva viva! :D

Que Jesus esteja sempre contigo e com o teu principe e maridão.

Beijos aos três da Flor que vos tem muito carinho

Flor