sábado, 17 de fevereiro de 2007
A Semente...
Lá fora o sol raiava, eu estava só, mas não sozinha...estava comigo, com os meus pensamentos e com Deus; talvez por isso, nem sorri quando chegaste, corrias no teu interior e sorrias para a vida! Antes mesmo de me cumprimentares estendeste-me um livro...abriste...e eu vi ...uma folha em branco, poisaste sobre a mesa uma caneta colorida e disseste:
- Escreve!
Eu que ainda não tinha saído de mim...disse-te:
- Escrever...o quê? Vais ditar?
Tu rias! E dizias que não, que eu é que tinha que escrever...qualquer coisa...
Eu fitava-te...escrever qualquer coisa não era fácil...depois olhava a folha em branco e a caneta colorida...e tu aguardavas...esperavas que eu pegasse na caneta...mas ela continuava parada...nem lhe conseguia pegar...de vez em quando passava a mão na folha, como tentando imagina-la sulcada pelas letras...devo Ter ficado tanto tempo neste monólogo interior que me esqueci de ti (desculpa!)...eu falava ...mas só com a folha de papel...até que arriscaste interromper-me:
- Então... estás chateada?
- Eu? Não!
- Não escreveste...
E eu insisti:
- Escrever? Eu não sei...não tenho nada para escrever...
Desataste a rir! Mas eu, que passo a vida a rir, ainda não tinha esboçado nem sequer um sorriso...o assunto era sério...eu sentia-me impotente perante o que me era pedido, e por mais que quisesse não conseguia responder ao pedido daquela jovem...
Interrompi o teu riso e disse-te:
- Vês esta folha em branco? Assim sou eu...em branco...completamente vazia...não consigo escrever nada...
E tu disseste:
- Mas escreves tanto...pensei que era fácil...os poemas.... já não percebo nada...não saem de ti?
Esbocei um sorriso leve, muito leve e expliquei-te:
- Sim! Tudo o que eu escrevo sai de mim, mas é preciso haver a semente, que depois germina e sai então de mim...
Querias saber da semente, se podias ser semente, eu disse-te que sim, todos podem ser semente...mas também não é fácil ser semente...nem todos o conseguem ser...alguns já foram semente várias vezes, outros ainda não...ainda não chegou a altura de o serem... porque não sou eu que escolho...nem eles, Alguém escolhe por nós...
Tu sorrias...num sorriso vindo do fundo de ti e disseste:
- Que giro! A história da semente...não podia imaginar! Então tudo o que escreves tem um rosto não é?
Eu respondi-te enquanto fechava o livro em branco:
- Sim! Tudo o que escrevo tem um rosto...
E tu acabaste de ser semente! Já geraste Vida, porque as palavras não são estáticas elas têm vida! Obrigado miúda hoje foste a semente e agora já sei o que escrever na primeira folha do teu livro em branco!
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11 comentários:
Minha querida, sinto que hoje tenho tantas sementes em mim que poderia escrever infinitamente. Umas sementes são de alegrias, outras nem por isso. Estou imensamente feliz, porque estive com uma das pessoas que mais amo no mundo, a minha afilhada, e porque fiquei a saber que, dentro de 6 meses, haverá mais alguém a dar sentido à vida da minha família, povoando-a com o seu riso e o seu choro.
Por outro lado, estou tão preocupada com o que já te disse por mail...Deus providenciará. Agarro-me a esta certeza e tento cumprir a missão que Ele tem para mim.
Como sempre, as tuas palavras são semente.
Beijinhos.
"Na noite escura
o sol levantou-se
para ouvir,
As flores adormecidas
despertaram
para perfumar
o momento..."
...O momento em que a semente deixa de ser origem e se cumpre coisa nossa...Do que nós somos...pela nossa mão.
Imaginei-te de folha branca na mão, idéia de começo, o branco que nos chama, e imaginei a atmosfera que tão bem descreves no poema.
Um abraço amigo!
Ora, ora! Acho que escrever não é tudo. Folha branca... Nada... Semente... No que será que isso vai dar?
Acima estão cinco toques de enter. Poderiam compor um parágrafo em cuja redação estariam algumas idéias que de dentro de mim querem sair. Ah, como me tortura esse cursor piscando na tela, com quem meu cérebro trava constante batalha em prol da simetria entre "o que escrever?" e "o que não escrever?"! Por falar nisso, na minha cabeça reverberam as primeiras imaginações da infância, de um tempo perdido. Lá não havia escrita, mas havia folha em branco. ahahah O silêncio dizia muito. Minhas expressões eram rabiscos os quais eu queria ter agora em mãos para, pelo menos, tentar voltar a um mundo onde eu não via o tempo passar, onde não havia cursor piscando, onde a folha branca não me torturava — pelo contrário, era um estímulo para colocar para fora meu eu interior —, onde, enfim, toda escrita era nada mais do que escrita. Chega! Fui saudosista demais para quem anda escrevendo muito. (rsrsrs)
Ola passei para te deixar um bjinho,
Olá minha querida, um belo texto. Folhas em branco contigo?... Não pode ser. O teu dom da escrita não permite que fiquem em branco. Logo, logo, as sementes começam a brotar em escrita, e um belo poema aparece aí para nos deliciar.
Uma óptima noite minha querida e um belo começo de semana.
Beijinhos fofos,
Anita (amor fraternal)
Ler o que escreves dá-me uma paz interior que não consigo explicar! Deve ser a semente que cultivaste em mim.
Bjs
Inspiradora como és tens em ti muitas sementes... umas guardas, outras atiras ao ar... e eu apanho algumas, acredita.
Beijos.
Deixa brotar a semente que está dentro do teu coração! E nunca deixes um livro ficar com páginas em branco. Há sempre alguém, deste lado, para as ler...
Beijocas
...estava comigo, com os meus pensamentos e com Deus
se estavas com Deus, estavas bem, o resto é tão irrelevante. Um louvor pelo teu(s) text(s)
"...porque as palavras não são estáticas elas têm vida!"... já disseste tudo! :-)
Obrigado pela semente que és!
Continua a escrever!
beijos em Cristo
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