Afinal era o Amor...

Tinhas uma história para me contar...nem sabias por onde lhe pegar...as lágrimas abeiraram-se dos teus olhos, como se fosse a primeira vez que choravas...falaste-me de uma doença incurável...eu disse não! Isso não está a acontecer...e tu disseste que não era isso, que era ainda pior ...então eu disse-te que ainda bem que não era isso, devia Ter solução...
Foste lançado os dados, deste-me umas pistas, para eu ir seguindo...acabei chegando lá, embora incrédula...
Tu confirmavas... a monstruosidade que te tinham feito, mas eu continuava sem te acreditar, como se as tuas palavras não fossem reais...mas depressa esqueci as palavras, já não eram necessárias para confirmar o que os teus olhos denunciavam...choraste, na tua dor que era imensa, senti-me envolvida, senti-me chamada...e chorei contigo...
Mas, que estranho...estavas tão calmo, como se deixasses de te preocupar com o que tanto te preocupava...falavas de um jeito que parecia estares anestesiado...no entanto não tinhas tomado nada, nadinha mesmo...relatavas as situações, e a tua posição... eu não entendia...não eras tu...essa pessoa não eras tu...as coisas não correspondiam mas em nada...já imaginaram o mar em dia de tempestade??? E agora imaginem um rio ... deslizando suavemente entre o seu leito, numa harmonia, numa doçura inexplicável...já viram a diferença???
Pois, foi a mesma que vi...sem a entender...Não conseguia chegar lá...então, com o mundo a cair à tua volta ficas assim?? Onde foste buscar toda essa calma??? Perguntas... eu não tinha a resposta...nem tu as tinha...encolhias os ombros e deixavas-te estar, entre um olhar no infinito, e uma lágrima que caía, e mais uma palavra... e cada palavra que saia mais eu ficava perplexa...não compreendia toda a tua calma, toda a tua sensação de tranquilidade, mesmo de paz interior, quando tudo devia andar revolto...mil pensamentos me ocorriam, num turbilhão de incompreensão, quer perante os factos relatados, quer perante aquilo a que eu “cataloguei” de passividade, que eu não conseguia entender...fiquei muito tempo a ouvir-te, só a ouvir-te...apenas deixava escapar de vez quando um... “eu não acredito!” ...embora te ouvisse os pensamentos povoavam a minha mente, invadiam o meu coração...não queria que estivesses a passar por esse terramoto...as lágrimas iam molhado as tuas palavras...e procuravas no fundo dos meus olhos uma resposta...querias as minhas palavras...e eu tinha palavras?? Depois das tuas palavras, eu ainda tinha palavras?? Descreveste imagens dignas de um poeta...tu que se calhar nunca escreveste duas linhas seguidas...foi aí que vi... foi aí e só aí que percebi tudo...no teu lamento utilizaste várias vezes uma palavra, e as tuas imagens descritivas eram também baseadas nessa palavra...apesar da tua dor, do teu terramoto...falaste sempre de amor...e quem te poderia pôr a falar de amor, num momento destes?? Sim...o próprio Amor...foi isso que eu entendi, foi isso que eu senti...por isso te disse... - tu não acreditas em Deus...mas olha que Deus acredita e muito em ti...Ele está contigo... - e sei que está, e é Ele que te vai ajudar a superares este terramoto, a voltares a sorrir e a fazer-te entender que nada, mas mesmo nada acontece por acaso , mesmo as grandes dificuldades pelas quais passamos...

”quando sou fraco é que sou forte...”

É isso nunca te vi tão forte!!! que a tua força te acompanhe, e hoje deste-me uma grande lição de vida! Obrigado João!!!