quinta-feira, 2 de novembro de 2006

Chamava-se Saim...

Chamava-se -Saim -...que nome lindo - pensei! -
Vi nele o olhar triste...um corpo franzino que carregava a mochila...parecia antes que carregava o mundo nas suas frágeis costas...eu estava sentada num banco do jardim...nem sei muito bem porque me sentei ali...é Outuno e gosto de ver as folhas a desprenderem-se das àrvores...deixei-me estar...ele caminhava na minha direcção...pensei que fosse passar por ali...mas, não...chegou de cabeça baixa e perguntou se podia sentar-se...eu abri-lhe um sorriso enquanto indicava o espaço vazio no banco, e disse - Sim! senta-te há aqui muito espaço! - ...mas ele continuou metido consigo...eu notei que ele queria algo...pois havia tantos bancos livres...aguardei...olhava em frente, para que ele se sentisse à vontade, e não pensasse que eu olhava para ele...de repente, virou-se para mim, e a medo disse - Tem horas? - Bingo!!! O velho truque!!...Eu tinha horas...mas, mostrei-lhe o pulso vazio...e avancei - Não queres saber as horas, pois não? - Um rubor coloriu o seu rosto de criança... - e continuei..."tu queres conversar?..." ele encolheu os ombros...como tentando dizer-me - quero, mas tens tu que me descobrir... - perguntei o que se passava? e ele respondeu - São eles...os meus colegas!"...eu sorria embora estivesse apreensiva...ele continuava - "...põe-me de parte!"...fiquei triste...perguntei então como se chamava...e ele respondeu - Saim - ...que nome lindo!! Disse-lhe...pela primeira vez ele levantou a cabeça e tentou esboçar um sorriso...perguntei-lhe então onde se sentava na sala de aulas..."ao fundo, respondeu..." eu fiz apenas um gesto afirmativo...e avancei...
- E falas muito com eles?
- Não! tenho medo deles! -
- Porquê? Fizeram-te mal?
- Não! Parece que eu não existo...
Mais uma vez ele estava de cabeça baixa e o timbre da sua voz era muito triste...toquei o seu rosto, para que ele me olhasse nos olhos...e disse-lhe - Vou contar-te uma hiistória:
"Era uma vez uma miúda como tu, que também chegou a uma escola nova, com colegas novos, ela também podia refugiar-se no fundo da sala, mas não quis, preferiu sentar-se à frente...podia ficar sossegada, conversando consigo própria, mas preferiu arriscar e falar com todos...podia ter sentido medo, mas ele preferiu confiar, avançar e ganhar amizades! Amizades que perduram no tempo!
Comecei a ver os seus olhitos a brilhar..e ele disse:
- Eu conheço essa miúda! e encostou-se a mim...eu abracei-o, como gostaria que abraçassem o meu próprio filho, se ele se sentisse assim e eu não estivesse por perto!
No final ele disse:
- Achas que ainda vou a tempo de mudar?
- Claro que sim!
- Então vou já!! Porque faltei a uma aula... pegou na mochila e desatou a correr...
- Eu disse-lhe ainda - Voltamos a ver-nos???
Ele voltou-se e disse:
- Aparece mais vezes!! Temos muito para conversar!!

5 comentários:

Anónimo disse...

Não sei se a história é verídica, mas que o conselho é bom, lá isso é.
Manter a cabeça erguida é importantíssimo para lutar contra os problemas.
Beijinhos

Anónimo disse...

Apenas:

OBRIGADO...

Sandra Dantas disse...

Lindo... fiquei comovida!
Este é o nosso grande potencial: fazer "milagres" na vida dos outros! Está ao nosso alcance, é só queremos!

Obrigado Elsa, porque tu "queres" e as coisas acontecem!

Um grande abraço!

Recursos para tu blog - Ferip - disse...

Elsa, amiga!
Visite a teu filho! Es hermoso!
Te felicito!
Besos, Feri
Beijos, Feri.

Anónimo disse...

Obrigado Féri!
Agradeço as tuas palavras!!

beijinhos!!!
:)))