sábado, 14 de outubro de 2006

A Escuta

No jogo do abrir (os livros)...eis que deparo com esta afirmação..."...a escuta exige uma atitude de pobreza espiritual..."...entendo agora porque é tão dificil a "tarefa" da escuta, porque todos nós, ao invés, queremos é ter uma atitude de riqueza espiritual...embora nem tenhamos bem a noção disso...e "despejamos" as nosss ideias, as nossas razões, as nossa queixas... e alguém nos ouve despojado de si? E nós? Sabemos escutar, neste patamar??

Hà pessoas que falam sózinhas...são as Pessoas Monólogo...falam para nós, mas como se nós nem existissemos...porque acumulam conversas sobre conversas, onde fazem perguntas, dão as respostas, escolhem a direcção, e nós esperamos para dar opinião, para tecer um comentário...mas, não conseguimos...poderiam falar sózinhas, literalmente...mas, querem-nos ali...apenas como figurantes! Também há as Pessoas Balança, onde o diálogo nos envolve e há um equilibrio entre a escuta e a fala...assim partilha-se a "pobreza espiritual"(?)...penso que estas pessoas são as que mais encontramos, no dia a dia!
E há as Pessoas que sabem escutar...acho que não há muitas, mas ás vezes aparecem, descubro-as sobretudo ao telefone (porque falo muito ao telefone!)...muitas vezes encontro-me a dar conta de determinada situação e a pessoa parece não estar lá...e eu pergunto, no meio da dúvida..."Ainda está aí?" e a pessoa responde: "Estou a ouvir!"...
Será isto a "atitude de pobreza espiritual?"????

1 comentário:

Anónimo disse...

É mais fácil falar que escutar. Mas tb é mais de Deus escutar que falar. E não o afirmo pelo facto de uma pessoa que fala muito correr mais riscos de ser incorrecta e inconveniente. Digo-o, porque o exemplo de Jesus é esse: Ele passava mais tempo a escutar... e quando falava as suas palavras eram sentenças. Esta sensatez e serenidade de Jesus não coadunam com a sociedade de hoje. Mas era assim.
Essa do exigir "uma atitude de pobreza" significa um despojar-se. Quem escuta, tem de esvaziar-se para estar inteiramente para o outro. Não se pode estar a meias.
O resto do raciocínio (pessoas monólogo, balança ou que sabem escutar) não me interessa muito. Mas sempre te digo que as que abundam mais são as primeiras, sem dúvida. Mas não é as que falam para nós: Somos todos, os que falamos para os outros!
Eu diria, sem razões absolutas, que a segunda é a mais conveniente, mas que a terceira é a mais cristã...