terça-feira, 8 de maio de 2012

"A MÚSICA É UM VEÍCULO FANTÁSTICO PARA CHEGAR AOS JOVENS "- Pe. Jorge Castela

O padre Jorge Castela quase que dispensa apresentações. Em 2003, fundou a "Banda Jota", que congrega à sua volta uma vasta legião de fãs e os seus concertos são sinónimo de casa cheia. "A ideia inicial era apoiar as actividades da pastoral juvenil", afirma o sacerdote, que conta como tudo começou: "Na altura, fui nomeado como responsável pelo Departamento da Pastoral Juvenil da Diocese da Guarda e tive a clarividência de que a música era um veículo fantástico para chegar aos jovens".
Da ideia à constituição da banda foi um passo: "Como já me movimentada um bocadinho na área da música, fui convidando uns amigos", conta o mentor da Banda Jota, que acrescenta ainda: "Inicialmente, éramos um grupo que se juntava para animar as actividades da pastoral juvenil, mas começaram a aparecer composições originais, começámos a ter uma reacção nos jovens muito boa, começámos a ser convidados para concertos e, de repente, vimo-nos na estrada. As pessoas começaram a exigir-nos um CD. Fomos crescendo, crescendo, crescendo e já estamos a preparar o terceiro CD".
O padre Jorge Castela reconhece que não é fácil conciliar a vida pastoral com a vida musical. "Nós somos 10 elementos e cada um tem a sua vida. Há uma médica, dois bancários, dois professores de música, uma advogada, um estudante...", afirma, comentando que apesar de serem uma "banda bastante conhecida", continuam a ser músicos amadores. E nem sempre podem aceder aos convites. Depois, há quem ainda pense que as coisas vindas da Igreja têm que ser gratuitas, afirma o sacerdote, que tem "pena" que assim seja. "Nós vamos a países como o Brasil e há gente que vive da música católica", afirma, sublinhando: "E são bem pagos". Por outro lado, "há um lado da Igreja que pensa que a música dentro da Igreja tem que ser só aquela que se canta na missa", lamenta, continuando: "Eu também canto essas melodias na missa e também procuro que os meus cantem, mas este trabalho é diferente, é um trabalho de nova evangelização como diz João Paulo II, que vai junto das pessoas, sobretudo dos jovens".

O estilo da "Banda Jota" é o pop/funk, mas o padre Jorge Castela afirma que gostam de inovar. Ainda recentemente convidaram um rapper para se juntar ao projecto. "Em Portugal, nós precisamos de mais gente que se dedique um bocadinho a este tipo de música, porque já há bons músicos de música sacra, mas também precisamos de músicos que peguem no rock, no pop e no funk", defende.
Sempre com casa cheia, os concertos da "Banda Jota" são "para toda a gente", diz o padre Jorge Castela, garantindo que ninguém é discriminado. "Nos nossos concertos vai gente com curiosidade, vai gente que está com um pé dentro e outro fora, mas o que interessa é o que fica. Há gente que depois de nos ouvir fica a pensar: não sabia que a Igreja tinha destas coisas. Isso é que importa. E se as pessoas questionam isso, podem querer chegar a conclusões do tipo: se calhar até podia ser um cristão mais comprometido", afirma o sacerdote, que considera que a Igreja podia apostar um "bocadinho mais" neste tipo de projectos. "A hierarquia da Igreja ainda não valoriza muito este trabalho", reconhece o sacerdote, sem esconder a sua "mágoa".
Presença assídua em Fátima, o padre Jorge Castela revela que, desta vez, teve um "sabor especial", uma vez que o convite partiu dos jovens. "Agrada-me ter sido um grupo de jovens que ao verificar o trabalho que nós fazíamos, sentiu tanta vontade e tanto entusiasmo que nos convidou para este encontro", confessa, concluindo que o trabalho da banda é encarado "como uma missão", tem "um carácter evangelizador".

Notícia d'Aki 

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