- Dizem-me que já não existe Natal,
porque os subsídios são escassos
e as contas bancárias andam pelo negativo
Mas eu sei que é possível armar um presépio,
quando apenas se tem o que se veste,
como aconteceu com Francisco de Assis
e como acontece com tanta gente
que se veste de brancura…
- Dizem-me que o Natal é um mito
para entreter crianças e poetas,
uma espécie de nave para astronautas sem carga.
Mas eu sei que o Natal é fogueira na noite fria:
esse fogo que se faz amor e ternura;
essa labareda que orienta os perdidos na noite;
essa luz que se desdobra em clarão e candeia
- lâmpada altiva ou humilde lamparina…
- Dizem-me que o Natal é mentira,
porque esse Jesus
é piedosa memória dos primeiros cristãos
ou uma bela invenção de Paulo…
- Mas eu sei, digam o que disserem,
que Jesus está vivo e é uma Paixão;
e uma paixão não pode durar dois mil anos!..
- Mas eu sei, mesmo quando é noite,
que Jesus está vivo
e é o “Guardião de nossas vidas”,
à espera que desponte a Alvorada...
- Mas eu sei, mesmo quando não é Natal,
que Jesus nasceu para todos
e é o Salvador universal…
- Mas eu sei e, hoje, porque é Natal,
que o “Menino de Belém” está aí,
como “Rei e Senhor do Universo”:
Uma Eternidade que se faz Criança;
Uma Palavra que se faz “carne”;
Um Deus que se veste de peregrino…
E, à volta,
há anjos que cantam “Glória”;
há pastores que tocam o Essencial;
há um José que aprofunda o Mistério;
e uma Virgem vestida de silêncio e alegria…
E eu, nesta sinfonia,
apenas sei dizer: “Glória e Paz!...”
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