De que pé coxeia Deus?
"Encontrar um bom emprego é difícil. Pelo contrário – que contraste! – encontrar Deus é bem fácil. Conseguir uma colocação bem remunerada é sorte reservada a bem poucos. Conquistar o coração de Deus, supremo e incalculável tesouro, está na mão de todos. E, sendo Deus a máxima aquisição, não precisamos, para isso, do enfadonho montão de cartas, recomendações, influências, diligências, certificados, visitas e presentes, que são prelúdio inevitável para conseguir essa colocação com que sonhamos, e quase sempre, se escapa das nossas mãos. Para chegar a Deus, há um caminho elementar e fácil. À disposição e em poder de todos. De eficácia infalível. Os pés partidos de um Cristo pregado na cruz. Aqui está o ponto fraco de Deus. Deus coxeia dos Seus dois pés pregados! Que os nossos lábios sigam a direcção dos cravos, que se tornem flechas de beijos sobre os pés de um Cristo Crucificado! Beijo a beijo, venceremos Deus. Conquistá-lo-emos. Cristo tem os pés pregados, não para serem beijados pelos anjos que, por estarem tão altos, não chegam até eles. Cristo espera o beijo dos pecadores, já que por nós e só por nós está na cruz.
"Encontrar um bom emprego é difícil. Pelo contrário – que contraste! – encontrar Deus é bem fácil. Conseguir uma colocação bem remunerada é sorte reservada a bem poucos. Conquistar o coração de Deus, supremo e incalculável tesouro, está na mão de todos. E, sendo Deus a máxima aquisição, não precisamos, para isso, do enfadonho montão de cartas, recomendações, influências, diligências, certificados, visitas e presentes, que são prelúdio inevitável para conseguir essa colocação com que sonhamos, e quase sempre, se escapa das nossas mãos. Para chegar a Deus, há um caminho elementar e fácil. À disposição e em poder de todos. De eficácia infalível. Os pés partidos de um Cristo pregado na cruz. Aqui está o ponto fraco de Deus. Deus coxeia dos Seus dois pés pregados! Que os nossos lábios sigam a direcção dos cravos, que se tornem flechas de beijos sobre os pés de um Cristo Crucificado! Beijo a beijo, venceremos Deus. Conquistá-lo-emos. Cristo tem os pés pregados, não para serem beijados pelos anjos que, por estarem tão altos, não chegam até eles. Cristo espera o beijo dos pecadores, já que por nós e só por nós está na cruz.
Quem te partiu a cara?
Pensais que sempre e a toda a hora consigo imaginar os olhos do meu Cristo Partido, na Sua cabeça mutilada? Nem sempre, garanto-vos. O normal é a luta estéril e a desilusão impotente. Procuro contemplá-lo com toda a lama acumulada nas pupilas e só vejo madeira em vez de rosto. Madeira impenetrável na qual fazem ricochete os meus olhares. Confesso-vos, amigos: então protesto, queixo-me e revolto-me, enfrento Deus e grito-lhe: Por que não Te deixas ver, Senhor? Porque me condenas a servir-Te nas trevas? Pareces um Deus cego, insensível, surdo e mudo. Faço-Te perguntas e não respondes. Falo-Te e nem sequer sei se me escutas. Protesto e permaneces hermético. Peço-Te de joelhos que me fites, que me mostres os Teus olhos, mas em vão. Como se fosses cego! Se me fitasses uma só vez, se conseguisse ver os Teus olhos, ainda que apenas por uma fracção de segundo, sei que passaria a ser bom, bom deveras e para sempre. Nunca voltaria a ser mau, nunca… não queres que eu seja bom? Pois então olha para mim, Cristo, olha para mim!
- Bem olho para ti. Olho para ti, não afasto os meus olhos da tua vida. Que seria de ti se deixasse de te fitar? Olho-te, ainda que não vejas que te olho. Os meus olhos vêem-te, embora não os vejas. É esse o mérito da fé: avançar para Mim de noite, tacteando nas sombras, solicitando respostas que não chegam, estendendo umas mãos frustradas que nunca alcançam nada. Segue, filho, pela noite da fé até que, um dia, por recompensa, vejas a cara de Deus.
Quantas horas não terei gasto a pôr caras ao meu Cristo Partido? Não sei. Nunca mais acabo. Revejo os cantos de velhos museus esquecidos. Relembro-me com alegria de mais pintores, de novos retratos, de perdidas esculturas, que a minha memória descobre com esforço.
- Basta! Não me ponhas mais caras. Tolerei o teu jogo demasiado tempo. Esperava, calado, a ver se tu próprio chegavas a compreender que não era do meu agrado o que supunhas uma desafronta e um consolo. Aflige-te ver-me como estou. E constróis com a tua imaginação belos rostos mentirosos que interpões entre os teus olhos e a Minha cara cortada de um golpe. Não consegues aceitar a verdade, sem atenuantes, da minha Paixão. Basta! Aceita-me assim partido, ou então joga outro jogo comigo… não tens por aí um retrato do teu inimigo? Do que te inveja e não te deixa viver? Do que, deturpa todas as coisas? Do que sempre diz mal de ti? Do que te despreza, arruinou, deu más e decisivas informações de ti, amigo traidor?… do que conseguiu afastar-te do teu emprego, vilmente te caluniou, malogrou os teus planos, te persegue sempre, jamais te perdoa?... do que meteu na prisão o teu irmão, o que aproveitou a guerra e matou o teu pai?... Já reparaste na cara dos leprosos, dos anormais, dos idiotas, dos mendigos sujos e malcheirosos, dos imbecis, dos loucos, dos que se babam?... E ainda a cara do blasfemo, do suicida, do criminoso, do traidor, do vicioso, da prostituta… Necessito que ponhas essas caras sobre a minha. Admiras-te que os tolere e queira sobre a Minha cara? Mas não vês que os trago no coração, que é mais, infinitamente mais que trazê-los sobre o rosto? Não vês que dei a vida por todos? Por todos, ouves? Por todos! O que mais me decepciona é que te escandalizes. Que te assustes. Que longe estás de mim, então! Quando me compreenderás? Que sabes tu dos Meus planos? Que sabes dos Meus projectos sobre as almas? Que poderás entender das infinitas loucuras do Meu Amor?
Compreendes agora o que foi a Minha Redenção? Adivinhas a loucura do Meu Amor, que foi capaz de dar a cara por todos vós? "
Retirado de "O meu Cristo Partido" de Ramón Cué, da Editorial Perpétuo Socorro
1 comentário:
Lindo!!!
ADOREI.
Que Jesus ajude todos os que vivem neste Mundo.
Um grande beijinho,
Ana Paula
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