Afinal...

Estava uma daquelas trovoadas com trovões e relâmpagos á mistura, no meio da cidade, eu e tantos como eu resolvemos procurar abrigo...as conversas espontâneas foram-se denrolando naturalmente, até que uns olhos de um jovem me fizeram parar...tentei identifica-los, mas não conseguia, até que de repente a imagem de uma criança com caracois louros ondulando costas abaixo me fez recordar...sim era ele...já se haviam passado ...vinte anos...já não tinha caracóis, e o cabelo estava demasiado cortado, dirigi-me a ele...perguntei-lhe o nome...disse que sim...e fixou o meu olhar, ao mesmo tempo que dizia...conheço-a...não me recordo de onde...expliquei-lhe quem era, e de onde nos conhecíamos...do infantário... ele sorriu...sim! Ainda tenho a foto, e o seu olhar permanece o mesmo...a minha mãe dizia-me que eu a tratava por mãe, quando era pequenino, que bom tê-la encontrado...ia dizendo o jovem... Ambos ficamos felizes com o encontro...depois de vinte anos...falamos do que fazíamos, falei-lhe da minha família, até que ele sorriu...e disse... - espera um pouco, vais conhecer o meu namorado... - eu gelei por dentro, confundi-me com os trovões, deixei de ver os relâmpagos, as pessoas calaram-se repentinamente...ou foi apenas impressão minha...tentei manter-me natural, pensado...eu não ouvi bem...então...vamos manter a calma...eu tremia...apetecia-me desatar a correr por entre a chuva e imaginar que não se passava nada...até que apareceu "O namorado"... depois das apresentações...desculpei-me e debaixo de chuva...fui caminhando...interrogando-me...?? Afinal não estamos para julgar ninguém, e sim para acolher toda a gente, mas, há coisas dificeis, lá isso há...