sábado, 6 de janeiro de 2007

Voltar para a vida...


Outro dia passeava eu pela blogosfera e fui parar a um blog, que desde logo me marcou, a sua autora falava de algo...” O ser cuspido pela morte...”, (regressar do estado de coma) aquelas palavras tocaram em mim, porque também eu fui “cuspida pela morte”, é estranho porque quando tal me aconteceu eu era criança, e hoje recordo esse “corredor”, como se tivesse acabado de estar lá...
Falo em corredor, porque de facto a “visão” que eu recordo era exactamente a de um corredor, um espaço não muito largo, e bastante comprido, onde havia muita luz, muito silêncio, muita paz...também é estranho, porque e apesar de exteriormente se estar adormecido...interiormente parece que estamos sempre despertos...é como se nos estivéssemos a analisar por dentro, numa dimensão profundamente cognitiva em que se estabelece um diálogo a um nível também bastante profundo...que nem carece de palavras...mas toda essa interiorização, não passa pela alienação do exterior, não!! O exterior está sempre presente, embora muito longe, conseguia ouvir as pessoas, ouvir os seus lamentos, sentia-a as suas lágrimas...não devem fazer isso, sabem!? Porque quando se está em coma só se consegue comunicar com o coração...é ele e só ele que emite e recebe mensagens...e as mensagens que recebia eram de muita tristeza...por isso tinha que as arquivar rapidamente e alhear-me um pouco...por outro lado sentia em mim uma necessidade urgente de lhes dizer que estava bem…que mesmo que não voltasse à vida, eu estava bem…e tentava comunicar, mas as minhas mensagens não chegavam, porque as lágrimas continuavam… também temos a sensação que escolher entre viver e morrer está nas nossas mãos (embora eu saiba que não é assim!)...parece que é ali naquele corredor que se decide...porque estive sempre no corredor...parece-me que estava só, no entanto senti-me sempre acompanhada e rodeada de muito carinho, de muito amor! E de onde poderia vir esta sensação de tanto amor e tanta Paz?
Tenho a certeza que Jesus esteve comigo o tempo todo! E que quando eu Lhe disse que já não tinha forças, que não conseguia voltar para a vida, foi Ele que me disse que sim, que eu apesar de criança, era forte, e que eu ia conseguir voltar...
E voltei...voltei para a vida ao fim de três dias, e descobri que os rostos, as vozes, os olhos que choravam e que me eram tão queridos, não estavam longe, mas á minha cabeceira! Obrigado Jesus!
**
E obrigado Isabel, porque nos cruzamos...foste tu que me levaste a escrever este texto...o encontro entre pessoas diferentes é sempre bom!

20 comentários:

Esquilo disse...

Tens toda a razão amiga ...
Mas há coisas que pensamos e não dizemos...
no entanto é muito bom ter amigos e coisas para fazer para nos ocuparmos pois issso é das coisas mais importantes da vida...
viver é o melhor da vida

Anónimo disse...

Oh... Linda!
Que experiência impressionante!!!
Estou maravilhada, não sabia que tinhas vivido o coma, sempre foram experiências que me marcaram muito e que gostava de conhecer melhor...
Obrigado pela partilha!
Aproveito para te pedir desculpa porque ultimamente não tenho tido muito tempo... Mas estou sempre por aqui!

Um abraço!!!

Elsa Sequeira disse...

Professor!!
Que sejas benvindo!
Pensas de um modo diferente do meu?
E que importa?
O Homem é livre! Graças a Deus!!!
Quanto às diversas teorias existentes acerca de Jesus, conheço-as todas, mas a que pervalece é que a tenho no meu coração!
Por isso a minha mente não necessita de quaisquer esclarecimentos! Mas de qualquer modo obrigado pela preocupação!!!
Somos todos diferentes, mas iguais no Coração de Deus!
Tudo de bom para ti!
:))

Recursos para tu blog - Ferip - disse...

Uou!!!!


este profesor sí que escribe!!!:)))))

Elsita!Gracias por tus palabras!!!!!

...llegaron los Reyes! ;)

Nerim disse...

Querida Elsa, tu post me ha impresionado. Hace poco leí el blog de un chico que habia estado 5 meses en coma y explicaba el porqué ahora se tomaba las cosas con calma. Supongo que se ve la vida desde otro punto de vista y que la escala de valores cambia.
Si te concedieron la oportunidad de "volver a la vida" sería para eso, para que la vivieras a plenitud y no te preocupes por nada más.Sigue escribiendo, me gusta leer tu blog aunque el idioma me limite un poco.
Un abrazo

Zé Carlos disse...

Elsa querida tenha sempre em seu coração que Deus é Pai e pai nenhum deseja menos que tudo para seus filhos/as...
Feliz é vc que soube quem é Ele....
Bjs do seu amigo do outro lado do Atlântico.... Zé Carlos

Teresa Calcao disse...

Fascina-me ler acerca destas experiencias....Acho que as pessoas que "voltam" ficam mais serenas,e com uma visao da vida totalmente diferente .......Porque sera???????????????
Beijinhos,

Anónimo disse...

Muito interessante, parece que teria sido como se de um bébe nascesse,... mas que testemunho!!!

Andreia disse...

Bonito:)

Beijinho!

Anónimo disse...

Bastante interessante, maravilhosa Elsa... beijinhos

Pedro Martins Lopes disse...

“Sem tua mão para segurar, é como não ter mundo no qual viver... é não ter sangue ou vida em mim... é existir sem existir... é mendigar teu olhar, é sorrir no passado apenas...é lacrimejar constantemente, é dizer Amo-te apenas para mim mesmo...”

(Pedro Lopes)

caminante disse...

Gracias, cara Elsa. No te preocupes. Gracias a Dios y por su misericordia, tengo bien orientada mi vida. Sé de quién me he fiado.
He querido aprender de mis amigos, de cuantos visitan mi página. Y me está sirviendo mucho.
Gracias de nuevo.
Un fortísimo abrazo.
Y gracias pòr las Presentaciones que me envías. Me son útiles.

Anónimo disse...

gostei muito de te ler...mesmo muito...bom testemunho...
bjs

Tiago Madeira disse...

obrigado pelas tuas palavras!

Isabel disse...

Olá Elsa,

Fiquei muito contente que o meu texto tenha desencadeado em ti essa vontade de partilhar a tua experiência.

É de facto surpreendente o que o cruzamento entre pessoas diferentes mas que leem, escutam, estão atentas e são tolerantes, consegue produzir.

Aprender a dar e a partilhar é isto que tu e eu acabamos de fazer.

Tão diferentes... juntas partilhamos.

Eu tambem estive em coma, 3 dias como tu.

Não era criança.

Era adulta.

E contrariamente a ti, eu não estive num sitio bonito, não havia silêncio nem paz.
Não havia corredor, nem luz.

Havia de facto algo forte que me puxava e me tentava levar.
Havia eu a deixar-me voluntariamente ir.

Depois houve algo de assustador que nunca saberei descrever e que me fez reunir todas as forças para regressar.

Não te sei dizer exactamente o que vi... sei que o que senti foi uma enorme repulsa.

Hoje, que encaro a morte de forma natural, acho que a senti porque não era a minha hora.

A morte não me cuspio. No meu caso acho que foi uma batalha que ganhei.
Estando na boca da morte mudei de ideias.
Lutei.
E regressei.

Estou de volta.
Continuo sem convições religiosas.
Continuo a ter um Deus que é só meu.
A achar que o meu anjo é a minha avó.

Acho muito bonito que sejamos diferentes do dia para a noite. Que ambas tenhamos passado por um coma e no entanto o tenhamos vivido de forma tão diferente.
E que seja precisamente essa diferença que nos fez cruzar e nos fez falar sobre um assunto que embora intimo se prende com o conceito de vida, de morte, e da força do ser humano para lutar pelo que quer e acredita.
Até contra a morte.

Um grande beijinho para ti com muito carinho.

Isabel

Isabel disse...

Olá Elsa,

Fiquei muito contente que o meu texto tenha desencadeado em ti essa vontade de partilhar a tua experiência.

É de facto surpreendente o que o cruzamento entre pessoas diferentes mas que leem, escutam, estão atentas e são tolerantes, consegue produzir.

Aprender a dar e a partilhar é isto que tu e eu acabamos de fazer.

Tão diferentes... juntas partilhamos.

Eu tambem estive em coma, 3 dias como tu.

Não era criança.

Era adulta.

E contrariamente a ti, eu não estive num sitio bonito, não havia silêncio nem paz.
Não havia corredor, nem luz.

Havia de facto algo forte que me puxava e me tentava levar.
Havia eu a deixar-me voluntariamente ir.

Depois houve algo de assustador que nunca saberei descrever e que me fez reunir todas as forças para regressar.

Não te sei dizer exactamente o que vi... sei que o que senti foi uma enorme repulsa.

Hoje, que encaro a morte de forma natural, acho que a senti porque não era a minha hora.

A morte não me cuspio. No meu caso acho que foi uma batalha que ganhei.
Estando na boca da morte mudei de ideias.
Lutei.
E regressei.

Estou de volta.
Continuo sem convições religiosas.
Continuo a ter um Deus que é só meu.
A achar que o meu anjo é a minha avó.

Acho muito bonito que sejamos diferentes do dia para a noite. Que ambas tenhamos passado por um coma e no entanto o tenhamos vivido de forma tão diferente.
E que seja precisamente essa diferença que nos fez cruzar e nos fez falar sobre um assunto que embora intimo se prende com o conceito de vida, de morte, e da força do ser humano para lutar pelo que quer e acredita.
Até contra a morte.

Um grande beijinho para ti com muito carinho.

Isabel

Anónimo disse...

Elsita, obrigado por partilhares comigo, connosco o teu testemunho de vida. :)

Ao partilharmos experiências de Vida, ao partilharmos "vivências", histórias reais de vidas tão diferentes, podemos crescer um pouco mais, podemos aumentar a fé naquilo em que acreditamos!....

Sabes, também eu já vi esse túnel... não, felizmente não estive em coma.... viu-o numa situação bem diferente, mas pelo que descreves, é muito parecido com o que também eu vi e senti....

foi em 1988, quando o meu amado irmão faleceu 8 dias depois de fazer 42 anos. Era um irmão muito especial que eu amava e amo muito... mas que quiz Deus que o seu tempo aqui na terra terminasse..... mas a minha dor e mágoa na altura era tão grande.... que eu só sabia que precisava, necessitava para puder continuar a viver, de saber se o Helder estava bem... se realmente existia algo para além da morte... e numa noite, na noite em que eu fazia 22anos, Deus, eu assim o creio, deu-me um sonho, um sonho tão real, que ainda hoje, "vejo-o" e "sinto-o"como se fosse agora!... :D

Eu tive em sonho, uma visão do meu irmão nesse túnel... havia paz, muita paz, uma serenidade que só sentindo, como eu a senti, uma Luz imensa, uma luz brilhante, maravilhosa, e o cheiro, o cheiro suave e doce de flores, de flores ou de algo demasiado bom e que eu nunca havia sentido, e havia como que uma suave e baixa melodia... e vi.. eu vi, o meu amado irmão, sorrindo para mim, sorrindo e estendendo-me sua mão, que nunca chegou a tocar na minha, e me disse, "mana, eu agora sou feliz, agora sei o que é ser feliz! Estou bem, não te preocupes e vou amar-te sempre, irei cuidar de ti, minha maninha" E sorriu, virou-se e caminhou para dentro desse túnel luminoso... e eu... eu fiquei a vê-lo ir-se embora e .... acordei... e até hoje, nunca mais chorei por ele, porque sei, tenho a certeza absoluta que ele está bem. Ele veio dizer-me, Deus, permitiu que em sonho eu tivesse essa visão de uma das pessoas que mais amei na minha vida. :D

A Bíblia, narra-nos no Velho Testamento, muitos sonhos proféticos, muitas visões onde Deus se manifestava aos profetas, e eu pergunto, porque não a mim?!...

Minha boa e doce amiga, o meu testemunho e o teu, são semelhantes, o da Isabel é um pouco diferente, mas apesar de cada uma de nós três, com as suas experiências de vida, cada uma... vivenciou algo que, de certeza absoluta a marcou em determinada altura da sua caminhada por esta Vida... cada uma de nós, com o que experimentou com essas situações, com toda a certeza cresceu um pouco mais como Ser humano, como pessoa que é e deve ser...

Mais uma vêz, obrigado pela tua partilha e agora, agora vou ver se dou uma "espreitadê-la" ao cantinho da tua amiga Isabel! :D

Estive dois dias sem conseguir comentar, mas graças à ajuda de uma boa amiga, já está tudo resolvido com o meu cantinho. :D

Fica bem amiga, e tem um dia muito luminoso. :D

Flor

Anónimo disse...

Elsinha, qual é o cantinho da Isabel? gostava de a visitar, podes dar-me o endereço do blog dela?

beijocas
Flor

NaSacris disse...

Elsa
Que bom que voltaste! Que te temos aqui. E pensar que essa experiência, por tão marcante, te terá trazido uma grande sede de autenticidade e de verdade: das coisas, do mundo, dos outros, de Deus.
Obrigado por teres ido ao baú da memória e teres partilhado esta experiência tão pessoal, tão tua.
Bj

Lusófona disse...

Nossa Elsa!! Chorei! Tive uma irmã em coma durante uma semana... a família fica destruída, embora, sabendo que Deus está sempre presente dentro de nós, e acreditando que o "lado de lá" é muito melhor que o de cá, mas tudo ao seu tempo...

Obrigada pela partilha de uma experiência tão forte e comovente

p.s. É bom ainda tê-la por AKI =0)