domingo, 24 de dezembro de 2006

È Natal!


È Natal...é tempo de ser esperança!

O Deus Menino já Nasceu,
Nos nossos corações!
Agora vamos deixar que Ele aí viva!

E aconteça assim:
..................

O guardador de Rebanhos
De António Caeiro

VIII

“(...) Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a eterna criança, o Deus que faltava.
Ele é o Humano que é natural,
Ele é o Divino que sorri e que brinca.
E é por isso que eu sei com toda a certeza,
Que Ele é o Menino Jesus verdadeiro-

E a criança tão humana que é Divina
(...) e que o meu mínimo olhar,
me enche de sensação,
e o mais pequeno som, seja do que for,
parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo,
Dá-me uma mão a mim,
E a outra a tudo o que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver.

Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo e que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dado apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que Ele me faz, brincando nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos os dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos às cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a Deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
e fosse por isso um grande perigo para ela
deixá-la cair no chão


Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar de guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que fazem fumo no ar dos altos mares.
Porque Ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois Ele adormece e eu deito-o
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até Ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sonho (...)”
Votos de um Santo e Feliz Natal para todos!!

2 comentários:

Anónimo disse...

Linda!
Gosto muito deste poema, mas especialmente desta quadra:
"Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos os dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda."
Acho que é de uma enorme ternura!!!

Obrigado e um grandiosíssimo abraço!

Anónimo disse...

Y el amor que va más allá de todo, Elsa preciosa, el amor que cree en nada y cree en todo, que parece no ser y todo es, que es mayor que la idea de Dios, todo, Elsa, todo es
Amor